terça-feira, 1 de março de 2011



Olá, meu nome é Jussara Guimarães. Cheguei pedindo licença para falar um pouco de mim, compartilhando este espaço com vocês.
Nasci e me criei em Porto Alegre, entre idas e vindas à fazenda de meu avo, até a idade de 14 anos. Nessa época, nos idos de 1962, tive contato com a cerâmica, freqüentando o atelier Valter Sacapelli, recém chegado da Itália.
Acredito, porém, que o primeiro contato físico que tive com a argila foi ainda muito anterior,quando pequena, corria pela plantação de arroz, deixando meus pés pretos pelo contato lúdico com aquela “lama grudenta”, marcando minha vida de forma definitiva.
As lições mais lindas obtive sob forma de brincadeira no carinhoso contato com minha mãe. Juntas acompanhávamos o “carreiro” das formigas, aprendendo com elas, o que foi fundamental nas minhas relações humanas pela vida afora...

Entretanto, foi somente quanto ingressei na Escola de Artes da UFRGS que realmente tive a real dimensão da cerâmica, ao conhecer a grande mestra e amiga Marianita Linck, professora de gerações de ceramistas no Rio Grande do Sul. Com ela experimentei o prazer de fazer pesquisa.
Em 1975, após minha separação, fui convidada a ministrar aulas no curso de Desenho e Plástica, na então Fundação Educacional de Criciúma (Fucri), hoje Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), onde permaneço até hoje como professora de Escultura e Cerâmica. Portanto, 36 longos e doces anos me afastam daquele março de 1975.
Após três anos da minha chegada a Criciúma, conheci Vilmar Kestering, pessoa especial, sensível, criativa e que também se apaixonou pela cerâmica. Com ele divido o atelier, montado em 1979 e também uma relação afetiva solidamente construída.

Trabalhamos com diversas técnicas produtivas, queimas diferenciadas e tipos de acabamentos, conseguindo esta diferenciação na busca da linguagem expressiva da cerâmica. Para isso trabalhamos com forno elétrico, forno a gás, fornos primitivos alternativos em queimas de raku, coque e combustíveis orgânicos, buscando efeitos ricos e texturas naturais

Não poderia finalizar esta “primeira apresentação” sem citar um pensamento de Cora Coralina: “Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”..